<$BlogRSDUrl$>

quinta-feira, abril 25, 2002

Olha, que Lester Bangs foi grande, o fodidão, isso é verdade. De resto, o que se aproveita da conversa mole desse menino aqui, este tal de Alexandre Petillo. Meu, o que é que andam colocando no sucrilhos desse povinho indiferente? Eis os argumentos para o lançamento da revista Zero, com direito a:
- choradeira porque colunistas de música pra quem eles próprios babam um ovão não deram a mínima para sua presença (é louco mesmo, o barato é aparecer, ser querido e tititi e tótótó),
- dizer que chegou para salvar o jornalismo musical do país,
- dizer que bom jornalismo musical se faz é com o coração, o que significa dizer que é justificável escrever que uma banda é fraca porque "eu não gosto" ou porque "eu acho" e toda essa tralha que aprenderam com a merda dos críticos da Folha de São Paulo,
- modestamente inferir que eles podem ser grandes como a revista Rolling Stone (que hoje é quase uma Cosmopolitan da música, ou seja, lixo de merda) ou ninguém menos que John Lennon, hehehe;

Escrever com o coração é vital. Esse povo está confundindo o próprio coração com vaidade. Fazendo uma leitura mais aprofundada do discurso do rapaz, somadas as suas matérias (que tem seus predicados eventuais, é preciso dizer), percebe-se que o lance não é escrever com o coração, o barato é se sentir incluído na "cena", é o "olhem pra mim, vejam como sou cool", é o incomensurável desejo de dizer em altos brados "eu formo a SUA opinião, seu indiezinho de cérebro lavado."

E outra coisa gente, humildade não é defeito...

Mas assim é a história, a cultural alternativa é sempre engolida pelos padrões e ideologias do "Mercadão".

Estou de saco cheio dos indies...
Olha Lolô, a letra do Ben é uma adaptação da oração (que fala de armas de fogo sim, ao contrário do que eu te disse):

Oração de São Jorge

Chagas abertas, sagrado todo amor e bondade o sangue de meu Senhor Jesus Cristo
no meu corpo se derrame hoje e sempre.
Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge
para que meus inimigos tendo pés não me alcancem,
tendo mãos não me peguem,
tendo olhos não me enxerguem
e nem pensamentos eles possam ter para me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão,
facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar
cordas e correntes se arrebentarão sem meu corpo amarrar
Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder da sua santa divina graça.
A Virgem Maria de Nazaré me cubra com o seu sagrado e divino manto,
me protegendo em todas as minhas dores e aflições
e Deus com Sua Divina Misericórdia
e grande poder seja Meu Defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos.
Oh glorioso São Jorge, em nome da falange do Divino Espírito Santo
estenda-me o seu escudo e as suas armas poderosas.
Que assim seja em nome de Deus Todo Poderoso.

quarta-feira, abril 24, 2002

JORGE DA CAPADÓCIA
Letra e música: Jorge Ben

Jorge sentou praça
na cavalaria
E eu estou feliz porque eu também
sou da sua companhia

Eu estou vestido com as roupas
e as armas de Jorge.
Para que meus inimigos tenham pés
e não me alcancem.
Para que meus inimigos tenham mãos
e não me toquem.
Para que meus inimigos tenham olhos
e não me vejam.
E nem mesmo um pensamento
eles possam ter para me fazerem mal

Armas de fogo
meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem
sem o meu corpo tocar.
Cordas e correntes arrebentem
sem o meu corpo amarrar.

Pois eu estou vestido
com as roupas e as armas de Jorge

Jorge é de Capadócia
Salve jorge!
Salve jorge!

Jorge é de Capadócia
Salve jorge!
Salve jorge!


Ontem foi dia de São Jorge. Eu pedi sua proteção contra um inimigo no meio da tarde. Lembrei dos Racionais cantando Jorge Ben, quase fiz o download (não fiz pois já tenho o CD). Só fiquei sabendo do dia do Santo à noite.
Tenha um Bom Dia

Uma sinápse, um spam...
... Indícios que não está fácil ter um bom dia hoje em dia...

Seis indícios de que o mundo está indo
para o buraco

1- Bush é presidente dos EUA. Berlusconi é
primeiro-ministro da Itália. Tony
Blair virou Margaret Tatcher e Le Pen foi ao segundo
turno nas eleições
francesas

2- Enquanto a economia argentina apodrece
publicamente sem ninguém
ajudar, o FMI gentilmente oferece dinheiro, atenção e
assessoria ao curto
governo golpista da Venezuela

3- Enquanto Israel atingia campos de refugiados com
mísseis na Palestina
sem que ambulâncias pudessem tratar feridos, os EUA
faziam um
gigantesco esforço diplomático para condenar Cuba na
Comissão de Direitos
Humanos da ONU

4- Enquanto os países em desenvolvimento são coibidos
a abrir seus
mercados sob pena de sanções e boicotes, EUA e União
Européia
fortalecem barreiras protecionistas para produtos
agrícolas e siderúrgicos

5- Enquanto países industrializados estimulam suas
próprias economias com
gigantescos gastos públicos e juros baixos, países em
desenvolvimento são
obrigados a sair de suas crises cortando gastos,
jogando juros nas alturas,
quebrando empresas e multiplicando desempregados

6- Apesar de impor ao mundo as mazelas dos cinco
itens anteriores, países
industrializados enrijecem suas leis de imigração.
Sem qualquer perspectiva
de vida, os neopobres, neorefugiados e neofalidos nem
mais fugir de seus
países podem

Tenham um bom dia.

domingo, abril 21, 2002

Quem é você Black Flag?
Pesadelo em Mulholland Drive




Ver os créditos finais subindo pela tela e as tênues luzes do cinema após assistir Mulholland Drive, nova barbaridade de David Lynch, é como acordar de uma pesadelo de madrugada, ver e se incomodar com as sombras que a luz do abajur criam em seu quarto e, de repente, lembrar de todo aquele seu sonho ruim, caótico, não-linear, lascivo, onde você viveu outra pessoa e pessoas que você conhece são estranhos a vocês e estranhos são conhecidos, amigos, amantes, familiares; onde sua casa é um outro lugar e sua cidade um espaço distorcido. Pra quem curte lidar com a não-linearidade é um prato cheio; filme pau-duro (em diversos sentidos, hehe). E, é claro, há reflexão mergulhada nessa veia anímica. Linch nos propõe pensar sobre as representações da realidade que a indústria cultural nos vende. Nada é realmente o que se apresenta ser - idéia constante nas obras de Linch -, e o que resulta disso é a natureza morta, a representação é, de fato, o original tranferido e morto. De quebra o filme é também uma crítica direta à podridão que se esconde sobre o cimento lustrado das calçadas-sepulcros-da-fama holliwoodianas.

Depois que assisti fui ver a crítica. E descobri que o jornalismo cultural dos nossos primos portugueses está a anos luz das nossas infantilidades. Uma grande matéria sobre Cidade dos Sonhos, rica em informações e análises procedentes (embora às vezes se exceda na babação-de-ovo) é o que a Lolô encontrou no site sobre Cinema do portal luso Clix.Vale a pena ler essa matéria principalmente depois de ver o filme.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?